sábado, 9 de março de 2013

A estratégia suspeita dos “segredos”. Será o Neocatecumenato maçom?

Do livro: Catequese Neocatecumenal e Ortodoxia Papal - Pe. Enrico Zoffoli

Várias vezes em suas instruções Kiko recomenda aos catequistas não revelar a nenhum estranho o que ouviram. Por sua vez os “catequistas” repetindo a mesma proibição aos neocatecumenais, aumentam a terrível ameaça de que os transgressores serão castigados com uma “maldição” estendida até a 3ª ou 4ª geração.
Sem dúvida, Jesus exortou a anunciar sua mensagem inclusive sobre os telhados... São Paulo nunca escondeu nada aos pagãos, dizendo-lhes as verdades mais profundas e inculcando-lhes os deveres mais árduos..., os apologistas dos primeiros séculos, os Padres da Igreja, os teólogos de todos os tempos, etc, se atreveram a publicar seus próprios escritos e divulgá-los sem excluir nenhuma categoria de leitores.
Compreendo então com o padre Leone Poggi, de Cuevo, pode escrever: “Porque Kiko não apresenta suas pregações, publicando-as para o que publico saiba, com conhecimento de causa, quem é, que coisa prega o
que quer finalmente com suas denominadas revelações e as de Carmen? Por que as reuniões são sempre de noite e em pequenos grupos, quase sempre sem permissão dos respectivos párocos? Por que aquelas instruções estão reservadas aos catequistas? Por que em suas pregações nunca se faz referencia à confissão, à comunhão e à vida de graça, e somente se fala da necessidade de uma nova instrução catequética e não outra? E por que é necessário que durante tantos anos, até dez ou mais, e considera a antiga catequese como errônea e falsa..., pretendendo propor um cristianismo até agora desconhecido, ao menos desde o século IV até o Vaticano II?”
A explicação é intuitiva: Kiko e Carmen temem as relações do mundo católico, especialmente dos fiéis mais peritos em teologia, em exegese bíblibca, em patrística, como em história da Igreja, heresias, Concílios e Magistério Pontificio...
Por isso a grande maioria dos neocatecumenais se compõe de gente humilde, inculta, quase analfabeta em matéria de religião. Confirma isto, ademais, o descuido e até o desprezo que tem pela ciência teológica, justamente como pensava Lutero... Kiko-Carmen temem particularmente que a hierarquia descubra o fundo
doutrinal de seu Caminho..., que a Igreja os desacredite ante à opinião pública, que os condene, que lhe impeça de realizar o plano de fundar uma nova Igreja, demolindo a Católica, Apostólica e Romana... que é exatamente a do Concílio de Trento por eles detestado.
Muitos suspeitam que por trás de suas pessoas está a sombra da maçonaria e outros inumeráveis inimigos da Fé. De outra forma não se explica sua “estratégia de segredo”.

Afinal, o "caminho" é de descida ou subida?

Do livro: Catequese Neocatecumenal e Ortodoxia Papal - Pe. Enrico Zoffoli

Péssimo início no "caminho"

Em seu início há uma série de sacrilégios já que desde o primeiro dia todos devem escutar não somente a catequese senão também participar da “Eucarístia”, considerada pela Igreja no Concílio “como a fonte de todo o culto e da vida cristã”, pois nela “está todo o bem espiritual da Igreja”, “raiz e principio [...] da qual deve partir toda educação que tenha por fim formar o espírito da comunidade”, etc.
Kiko autoriza a todos receber a comunhão: “Aqui pode vir um ateu ou qualquer outra pessoa. Durante este tempo nunca falamos sobre o sexo, o trabalho..., nem se um tem uma amante ou se rouba, se mata ou deixa de matar... nada! Pedimos somente uma coisa: vir a escutar a palavra de Deus uma vez por semana e celebrar a eucaristia. Cada um continua atuando como queira...”.
Evidentemente ele não crê na “presença real”, resultado da transubstanciação, e considera que a Eucaristia pode ser recebida inclusive em pecado mortal, contra a doutrina e à proibição do Concílio de Trento, que Kiko detesta (cf. DS 1642 e Cân. 2, 1652, 1647).
Que êxito positivo pode ter um Caminho de conversão iniciado no pecado e ancorado durante anos na profanação da Eucarístia? Se nos primeiros anos Kiko omitiu a recitação do Creio, como pode atrever-se a que se receba um sacramento que é o Mistério de Fé por excelência e supõe, sobretudo nos adultos, não somente no estado de graça, senão também um certo grau de maturidade intelectual e espiritual...?

"Caminho" obscuro


Outro fruto da péssima árvore do Caminho neocatecumenal (ao menos seguindo a lógica mais elementar, e não as piruetas e vai-e-vens dos discursos de Kiko), é a velada recusa das fontes da revelação: Sagrada Escritura e Tradição, como o Magistério sempre o interpretou e propôs aos fiéis no transcurso dos séculos.

  • a- A demonstração a priori é sensível: negando o sacerdócio ministerial se nega a Ordem Sagrada que constitui a hierarquia, por sua vez adotada, entre outros poderes, de uma magistério infalível, o único que pode definitiva e indiscutivelmente interpretar o sentido da “Palavra de Deus transmitida e escrita”. Mas a teologia de Kiko nega a Ordem Sagrada, portanto nega também o sacerdócio ministerial, a hierarquia, os poderes da Igreja visível, entre os quais o Magistério, remitindo à inspiração pessoal a interpretação da Sagrada Escritura...
  • b- Enquanto à Sagrada Escritura muito habilmente fala Kiko – e somente uma vez – da interpretação que dela faz a Igreja (cf. Orientaciones... pgs 238 ss.). Mas não teme ao afirmar que “a Bíblia se interpreta por si mesma através de paralelismos...”, expressão muito ambígua..., e que “o importante é a experiência das pessoas...” (Orientaciones... do esquema pg. 45). Insustentável é o que afirma do Novo Testamento em sua relação com o Antigo. Depois de citar o elenco dos livros deste, diz: “finalmente temos o Novo Testamento, que inclui os Evangelho, os Atos dos Apóstolos e o Apocalipse. Este não é muito importante. De forma especial eu digo a vocês, se gostam dizeis, senão, não”. (Orient. Pg. 249). [...]
  • c- E sobre a Tradição apostólica, enriquecida pelas contribuições do Magistério eclesiástico, ordinário e solene, Kiko se atribui faculdade de interpretar a palavra de Deus de modo completamente autônomo. São muito numerosas suas exegeses que não concordam com o Magistério... (cf. G. Conti, Neocatecumenali al bivio, De Segno, 1994, pgs 28-55)... quase total é a ausência dos Padres da Igreja e de teólogos... não cita aos 20 concílios ecumênicos que antecederam o Vaticano II, nem as intervenções de índole dogmática e moral dos Papas. Recusa aberta, repetida e duramente as definições e as disposições do Concílio de Trento. Vejam bem, recusar a guia materna da Igreja significa recusar a Revelação, ou seja, caminhar no escuro.

Somente quem conhece pode julgar o "caminho"?

Do livro: Catequese Neocatecumenal e Ortodoxia Papal - Pe. Enrico Zoffoli

Assim repetem os neocatecumenais quando não sabem o que responder ás observações críticas que se lhes fazem: “Vinde e vede!”.
Para algum ingênuo a resposta pode representar uma dificuldade... mas tenho serias razões para refuta-la:
  • a- A experiência direta e pessoal pode ser substituída, plenamente, pelo estudo cuidadoso das catequeses contidas nas orientações de Kiko e Carmen, anteriormente citadas. Igualmente as descrições detalhadas de ex-neocatecumenais de todas as categorias e níveis culturais, novamente livres, centrados e decepcionados, constituem centenas de testemunhos...
  • b- Ademais, já que os ritos e discursos variam de comunidade em comunidade, e estas são milhares distribuídas em todos os continentes, seria preciso dar a volta ao mundo para informar-se de tudo...
  • c- Finalmente a severíssima lei do segredo proíbe que diante de estranhos – que seria o meu caso – se diga e comente o que os catequistas não querem fazer saber senão aos membros da comunidade, e nem sequer a todos, já que a doutrina é ensinada gradualmente, segundo as fazes de seu “Caminho”...
  • d- O convite, ‘vinde e vede’, foi dirigido em outros termos até a solene convenção de Viena, no curso da qual se verificaram incidentes particularmente desgraçados. Por exemplo:
• “Os bispos que queriam intervir não puderam falar...”. Em particular Carmen chegou a dizer a um: “O Senhor não permitiu que o Movimento entrasse e se desenvolvesse em sua diocese!”.
• “A um bispo que afirmava conhecer o Movimento, Carmen disse a ele que o Movimento somente pode ser conhecido “vivendo-o e aceitando-o”, quem está fora não entende nem pode entende-lo”.
• “Naquela convenção outros bispos queriam falar também, mas não puderam porque a palavra se tomava somente aqueles que falavam favoravelmente do Caminho”.
• Um arcebispo que estava presente e depois contou tudo, conclui assim: essa arrogância constitui um cinismo na história da Igreja! E isso não é um feito isolado pois o resultado da concepção que eles tem da ‘Igreja’”.
É estranho que a experiência neocatecumenal, tão extraordinária e sublime, pode ser comentada só por aquele que lhe a vivido!

Mitos sobre Kiko e Carmen


Do livro: Catequese Neocatecumenal e Ortodoxia Papal - Pe. Enrico Zoffoli

Este é outro ponto do Caminho. Se trata do enorme poder dos catequistas, o ingênuo fanatismo das comunidades do Caminho neocatecumenal, a renuncia aos bens pessoais, às humilhações a que se submetem os dirigentes a alguns membros do grupo, tudo isto tem uma explicação na fé cega de todos nele, quase sobre-humano, poder carismático tributado a Kiko e Carmen. São fascinados até sacerdotes e bispos.

Não sou o primeiro a pensa-lo. Nossas observações criticas – segundo Mons. Luis A. Luna Tobar, bispo de Cuenca (Equador) – fazem referencia antes que nada ao “culto” dos fundadores. “Kiko, o culto de sua figura e à de Carmen, obtem como resultados, dentro das comunidades, uma magia inaceitável...” (Cit. Por Il Regno, 15/10/1993, pg 554).
Magia aumentada pela colaboração de “catequistas” que no inicio do Caminho buscam concentrar a vontade do grupo com técnicas psicológicas e sociológicas, de sorte que causem nos mais débeis entusiasmos e reações fortes até o fanatismo e à exaltação mística, sendo que nos mais fortes gera desgosto, mal-estar e rebelião, que se sufocam pela rigidez das regras do Caminho neocatecumenal, baseadas no silêncio e no segredo sobre tudo o que ocorre na comunidade.
“Os testemunhos sobre os próprios pecados que acompanham desde sempre o Caminho neocatecumenal, perturbam e violentam as consciências dos participantes débeis e indefesos...”. A exaltação até que “durante as liturgias [...] haja sempre quem se confesse publicamente, em alta voz, dizendo por exemplo: me masturbei durante toda a noite, e violei a filha de minha amante, ou me droguei e depois me entreguei aos prazeres sexuais, e assim por diante. E isto sucede em presença de crianças e adolescentes, escandalizando-os e fomentando neles curiosidades nocivas...”. Comenta assim uma testemunha de tal acontecimento.
Pois bem, num clima de exaltação, tudo é possível. Citando o teólogo R. Blázquez, o mesmo testemunho escreve: “A enfase posta sobre a incapacidade do esforço humano suscita inquietude em alguns... Resulta muito mais clara também a percepção da liberdade do homem que está como encadeada. Sim, é verdade, a liberdade do homem está como encadeada, e por isto é também muito fácil copiar o mau exemplo!” Estes são os frutos do Caminho?

A vida cristã, seminários e consagração religiosa no Neocatecumenato

Do livro: Catequese Neocatecumenal e Ortodoxia Papal - Pe. Enrico Zoffoli

Seminários

Este tema é muito mais sério. Se os jovens são educados seguindo a teologia de Kiko, temos graves motivos para nos preocuparmos. Pergunto: se preparam para a ordenação como rito que nos eleva à dignidade do sacerdócio ministerial, essencialmente distinto do comum a todos os batizados, inseridos na hierarquia católica... ou os qualifica somente como presbíteros, ou seja, anciãos, sem poderes que os autorizem a “consagrar”, “absolver”, “batizar”, “ungir aos enfermos”, “benzer”, etc... em Nome da Pessoa de Cristo?
Os seminaristas, estão dispostos a submeter-se às autoridades da diocese, a inserir-se em suas estruturas, a favorecer e participar ativamente em suas iniciativas e a obedecer as normas do Direito Canônico? Estão dispostos a consagrar-se a Deus, fazendo voto de castidade íntegra e perpétua, segundo as intenções de Cristo quem pelo contrário e segundo Kiko, não queria que nós sofrêssemos, havendo sofrido já Ele e nos desabilitando de todo e qualquer sacrifício? Por desgraça crêem plenamente que sua missão é reformar a Igreja, fundando outra Igreja paralela à Católica.

Vida cristã e consagração religiosa


Kiko da provas de não ter idéias claras sobre a distinção entre vida comum de graça possível e necessária para todo fiel e vida de consagração, reservada às almas que aspiram a um grau superior de perfeição espiritual, condicionada à pratica efetiva e perpétua dos conselhos evangélicos, consagrada mediante votos.
Pois bem, a confusão dos estados explica a severidade intransigente e às vezes impiedosa com a qual os “catequistas” pretendem dirigir aos neocatecumenais, caindo em grandes contradições que dão lugar a lamentos, enfrentamentos e deserções mais que justificadas. Assim por exemplo:
  • a- Se insiste sobre a venda de todos os bens, como se fosse uma condição necessária para ser autênticos cristãos. Mas sabemos que também na Igreja primitiva de Jerusalém aquela venda era muito livre... se o conselho de Jesus foi depois seguido pelos eremitas, monges, religiosos, não deve traduzir-se em um dever para todos os fiéis, que podem chegar igualmente à santidade sendo proprietários de grandes riquezas...
  • b- Segundo Kiko, a venda dos bens é obrigatória somente para os neocatecumenais, não assim para os batizados, porque são “cristãos”, e podem possuir tudo, gozar, “viver uma vida livre”. Em realidade o teor de vida dos “catequistas” e certos discípulos é magnífico. A Kiko, que parece que está gracejando, poderíamos perguntar qual é na realidade – segundo ele – o pensamento de Jesus, ou o espírito dos Santos... se a pobreza, (com toda sua carga de renuncia) é ainda ou não um valor, e nesse caso se se pode impor aos religiosos... se os frutos do Caminho, gloria de da que tanto se ufana, são por casualidade vocações à vida contemplativa...
  • c- Outra incoerência a respeito da castidade conjugal é que o Caminho Neocatecumenal exalta a paternidade exultante de uma prole numerosa, mas não aceita, e inclusive se opõe com força, à doutrina da Igreja segundo a qual a paternidade deve ser responsável, pelo que declara licito, quando há graves razões, o controle natural de natalidade, recorrendo aos dias infecundos da mulher, que impõe a continência periódica (cf. Encíclica Humanae Vitae, 16. Papa Paulo VI). Mas tal norma não seria digna dos neocatecumenais, que se consideram fiéis de primeira categoria.
  • d- Enquanto a obediência, a moral dos neocatecumenais é ainda mais incoerente, provocando desequilíbrios tremendos e desfazendo às famílias. De fato, a esposa deve seguir mais as diretrizes do “catequista” que as do esposo e vice-versa. Digo do “catequista”, não do “confessor”, que não pode exercer nenhuma direção espiritual... O neocatecumenato parece sujeito a seu “catequista” como um religioso o está a seu superior respectivo.
  • e- A propósito da santidade, a doutrina de Kiko se presta a um juízo critico mais severo. Sabemos que ela consiste na perfeição do amor a Deus e ao próximo. Logo, amor universal, compreendendo também aos que estão distantes, aos estranhos, aos inimigos... Sem embargo os neocatecumenais se comportam de outro modo já que são generosos com aquele que compartilham suas idéias ou esperam que as aceitem ou formem parte de sua comunidade... logo excluem aos outros, especialmente os que lhes são contrários.
Estamos em um quadro de mal-entendidos, estranhezas, contradições. Quê “fruto” é possível recolher de uma árvore tão enferma?

A nova concepção "missionária" nos "catequistas itinerantes"

Do livro: Catequese Neocatecumenal e Ortodoxia Papal - Pe. Enrico Zoffoli

Se faz muito barulho sobre isto... vão ao estrangeiro difundir a mensagem evangélica a quem a desconhece ou duvida. A celebração de seu envio é clamorosa, divulgada por rádio, televisão, por jornais e revistas. Mas também aqui a verdade dos fatos é outra.
  • a- Os catequistas itinerantes não são nem a sombra dos missionários católicos, que, depois dos Apóstolos, desde séculos, continuam recorrendo ao mundo depois de ter abandonado tudo, ou seja, vivendo sós, pobres, expostos a todo mal, prontos a morrer à causa da Fé, obrigados por votos a mudar-se a qualquer parte e ficar ali para sempre...
  • b- Ao contrário, os catequistas itinerantes levam consigo cônjuge, filhos, pelo que em grande medida se vêem apoiados pelos afetos familiares... Estão assistidos em tudo pelos irmãos... ficam livres de toda preocupação econômica, mais ou menos mantidos como turistas... por outro lado, depois de certo tempo podem voltar à pátria...
  • c- Ergue-se o problema dos filhos. Se estes crescem em companhia de seus pais, se deve deixá-los livres para que decidam se querem um futuro diferente ou inclusive contrario ao de seus pais. Instalando-se no país, e sendo ainda crianças, os pais catequistas faltam gravemente ao dever de assisti-los, educá-los, dar-lhes ternura, cuidados, defesa... O exige a natureza, contra a falsa exegese fundamentalista de Kiko segundo a qual para seguir Cristo devem ser odiados os próprios familiares. A verdade é que Jesus nunca mandou aos pais abandonar aos filhos quando tem ainda necessidade de sua assistência, e é por isso que a vocação missionária está condicionada ao celibato como consagração a Deus e à Igreja, que implica a generosa renuncia ao matrimonio e à todas as alegrias da família. Em 12 de Dezembro de 1994, o Papa recebeu às famílias neocatecumenais itinerantes, fazendo a eles a seguinte observação: “É muito significativo que nas comunidades se comprometam não só indivíduos senão também famílias, dispostas a enfrentar de comum acordo, sem faltar a seus deveres conjugais, com as dificuldades e as responsabilidades que semelhante tarefa comporta...” (O. R. 12- 13/Dez/1994). Logo a responsabilidade destas expedições missionárias recaí inteiramente nos catequistas, bem informados das condições de casa pessoa e de cada família. Portanto tudo depende da interpretação dada por Kiko à passagem do Evangelho em que, segundo ele, se manda odiar aos próprios familiares... Então, qual pode ser o destino das pessoas que com freqüência são atemorizadas e enganadas pelos dirigentes do Caminho?
  • d- O que preocupa sobretudo é o conteúdo da pregação dos homens educados na escola de Kiko-Carmen. Como verdadeiros missionários eles deveriam anunciar a Palavra de Deus tal como é interpretada pela Igreja Católica, Apostólica e Romana, não como seus pretendidos mestres a alteram, falsificam e traem...
  • e- Baseado em informações incontestáveis um Bispo, a propósito dos “catequistas itinerantes”, disse que “a maior parte dos bispos das dioceses onde vão os neocatecumenais não os querem, porque sua presença, não obstante as informações positivas feitas a seu respeito, não servem para nada e além disso são contraproducentes! Mas, quem sabe o que fazem acreditar o Papa?

As conversões e o número de "irmãos"


Do livro: Catequese Neocatecumenal e Ortodoxia Papal - Pe. Enrico Zoffoli

Número de "irmãos"

Dizem que são realmente muito numerosos mas creio que a ninguém de fora permitirão consultar as estatísticas feitas pelo Caminho. Os dirigentes desejam impressionar a opinião pública organizando reuniões,
peregrinações, clamorosas manifestações...
Se numerosos são os que seguem o Caminho, também o são os que abandonam e às vezes chegam até a mal dize-lo... Ninguém se ocupou nunca deste assunto mas eu disponho de uma riquíssima coleção de cartas-confissões que estão destinadas a formar um grande volume que logo se publicará, com ele espero que possa fazer refletir muita gente.

As conversões


Uma verdadeira conversão acontece quando se passa do erro à verdade, de uma vida de pecado ao arrependimento que leva à reconciliação com Deus em Cristo e à uma total mudança de vida, tendendo à santidade no próprio estado.
Desgraçadamente, enquanto à verdade, o “caminho” por si mesmo (isto é, considerando-se a catequese neocatecumenal), não somente não a ensina, mas também à nega, deforma e deprecia, opondo aos dogmas da Igreja Católica as heresias de Kiko e Carmen...
Enquanto a conversão moral, as catequeses neocatecumenais não são capazes de realiza-las ou favorece-las: 
a- Se o homem está irresistivelmente dominado pelo Maligno, não pode fazer nada bom, ou seja, colaborar com os estímulos da graça...
b- A graça, segundo Kiko, não regenera a criatura humana fazendo dela um filho de Deus
c- Se ninguém está obrigado a imitar a Jesus, não será possível nem um mínimo de vida sobrenatural.
As conversões que existem, mais analisadas a fundo, não refletem nem de longe as idéias e critérios do Caminho, senão somente as experiências vividas pelos inumeráveis pecadores convertidos ao seio da Igreja Católica.
Testemunhos insuspeitos não fizeram saber que, depois de anos de Caminho, em algumas comunidades neocatecumenais ainda são descuidados, frívolos, licenciosos no falar, se enraivecem e até blasfemam..., não faltam defensores do aborto, do divórcio, amantes..., semeia-se o ódio, criam-se situações desagradáveis e para sair delas se dizem mentiras de toda sorte... não se restitui o dinheiro recebido em empréstimo... se comportam mal até na Igreja onde pouco antes da celebração eucarística se fuma, se canta, fazem brigas, se insultam...É difícil se de tais ambientes possa nascer o “homem novo”, ao mesmo tempo que é mais fácil que sucedam desequilíbrios afetivos e desvios espirituais que levam a abraçar outras seitas, como ocorreu varias
vezes. Muitos neocatecumenais se fizeram Testemunhas de Jeová, outros Evangélicos e inclusive catequistas, depois de 18 anos de Caminho, se tornaram ateus.
São muitos os matrimônios destruídos pelos impasses e obstinação dos maridos ou de esposas extraviados pelos catequistas, que se fazem de juízes supremos, pessoas sem escrúpulos... “Só o Senhor sabe quantos anos de solidão e desespero passei: temi virar louca!”, dizia uma senhora... “Se trata, me diz um pai de família, de uma seita secreta, por cuja causa uma esposa e mãe de família se ausentou durante vários anos separando-a dos seus, da verdadeira comunidade...”. “Se trata pois de uma seita cujo fim é destruir totalmente os fundamentos da família com o objetivo da ganhar-se submissão de cada individuo [...]. Chegou o momento dos cristãos saberem que esta seita destrói famílias...”. Há um fato, dentro da comunidade neocatecumenal, que surpreende, desconcerta e escandaliza particularmente aos verdadeiros “convertidos”, feito que mais tarde vamos revelar. Se pede dinheiro, sempre dinheiro... Em efeito, quando os iniciados “chegando a certo ponto do Caminho, devem dar o dizimo, não sabendo claramente onde vai parar: ninguém rende contas. Em grande parte se dão as esmolas para as paróquias e as dioceses que os hospedam, a fim de aumentar o apoio da hierarquia à eles...”. Portanto, generosidade meio interessada.
Os neocatecumenais “devem fixar uma certa quantidade para cobrir os grandes gastos de “gestão”, por exemplo, seminários, aluguel de salas, encontros, hotéis, sustento dos novos Luteros itinerantes ou em missão, e isto através de coletas, dízimos, devolução de bens, etc.”.
Em alguns a obrigação de vender os próprios bens, em certos casos, provocou verdadeiros desastres... mais de uma pessoa reduzida à miséria, enlouqueceu. Os neocatecumenais, generosos entre os “irmãos” até o desperdício, e muito mais com as autoridades eclesiásticas que os favorecem, são descuidados com os próprios familiares que não compartilham suas idéias. Da mesma forma que no juramento maçom que se faz o compromisso de ajudar aos irmãos da mesma loja – assim li em uma carta – também para os neocatecumenais há a obrigação de ajudar-se mutuamente na própria comunidade, e eventualmente em outras comunidades, enquanto não é preciso ajudar a quem não pertence ao movimento... sobram os comentários.
“A nós – me confessa uma senhora – nos disse que venderíamos o que tivéssemos. Não tendo nada mais que algo de ouro, o vendi e me obrigaram a entra a soma conseguida, umas 600.000 liras. Naquela noite, só em uma comunidade, foram recolhidos no “saco das sujeiras” uns 40 milhões de liras. Perguntei para onde iria aquele dinheiro, e o catequista me respondeu que não devia pedir nenhuma explicação.
Querendo eu esclarecer a coisa, me rebateu dizendo que devia convencer-me de que estava “possuída”...”.
“Se estima que houveram muitos milhões de “ágapes”, diversões, viagens, escrutínios. Um verdadeiro desperdiço de dinheiro e um verdadeiro furto! A venda dos bens constitui um engano mais grave para os neocatecumenais...”. “É um escândalo, portanto, essa depredação do fruto de tantos sacrifícios feitos com o trabalho! Agora bem, quem tem autoridade de dizer: se vender tudo será escrito no Livro da Vida? Que santidade é o deixar na pobreza os próprios filhos e até abandoná-los já que são pessoas livres? E que significa esse afastar-se, a terras de missão, abandonando os próprios pais ou aos irmãos incapacitados fisicamente?...”. “O movimento, segundo um arcebispo, maneja um rio de dinheiro, milhões de milhões, obtidos com a desculpa da renuncia dos bens”. Outro eminentíssimo personagem da Cúria Romana me confirmou e me confiou ter sido por sua vez informado por outros bispos... Mas eles não ousam agir porque temem desagradar o Papa.
Atenção! Não se trata de casos esporádicos senão de uma mentalidade, de um sistema, de um costume dos que livram somente os neocatecumenais que permanecem fiéis aos princípios e à práxis do mundo católico.
Se se objeta, como varias vezes aconteceu, que ao comprometer-se com o Caminho não se pode pretender que os associados sejam todos irrepreensíveis..., é fácil responder que, dadas as premissas doutrinais de Kiko e Carmen, ninguém realmente o fará: a natureza humana fica irremediavelmente arruinada, pelo que todo esforço de superação é inútil...
Então, de quê conversões de neocatecumenais se pode falar, das que se alegram padres e bispos?

Frutos do Caminho Neocatecumenal

Do livro: Catequese Neocatecumenal e Ortodoxia Papal - Pe. Enrico Zoffoli

Sei perfeitamente que o descobrimento do fundo herético do Caminho provoca muita perplexidade. Alguns apresentam objeção aos ótimos resultados obtidos por ele... outros pensam que se trata de posições teológicas somente especulativas e abstratas, portanto inofensivas. O que importa – se repete – é a vida, não as idéias... e ademais, a boa natureza da árvore se conhece pelos frutos que produz. Exatamente o princípio recordado por todos. Esta á uma aplicação do princípio de casualidade proporcionada, plenamente válido somente nos processos do mundo físico, nos quais a boa natureza de efeito depende de e revela – de forma determinante – a da causa, se esta não é impedida por agentes exteriores... Se pelo contrário, a causa influi na pessoa humana, pode ocorrer que esta, sendo livre, se subtraia à sua influencia, pelo que o efeito não se realizaria. Por isto acontece que uma causa boa pode produzir frutos bons, que obviamente não revelam a natureza da causa. Pensasse na bondade de Deus e na maldade de certos homens... em excelentes pais que têm filhos degenerados... em professores brilhantes e em discípulos displicentes, curtos de inteligência, etc.
E pode acontecer que a árvore boa produza frutos ruins, como que a árvore ruim produza frutos bons ainda que acidentalmente, quando a ele se associa a influência da árvore boa. Esclarecido isto posso demonstrar que o Caminho Neocatecumenal em si mesmo não é comparável à “boa árvore”. De fato, sendo fundado sobre o erro, porque parte de premissas contrarias aos dados da Revelação cristã em pontos fundamentais, o Caminho Neocatecumenal por si mesmo não pode produzir nenhum resultado positivo.
Não obstante isto, pode produzir frutos bons dependendo de influências exteriores a ela, que explicam como alguns, inclusive muitos neocatecumenais, podem ser irrepreensíveis. Em efeito devem a ortodoxia das idéias e o exemplo de vida e à educação recebida em família, ao colégio, na paróquia e em geral ao ensinamento do Magistério, às repetidas exortações dos Papas, à participação na liturgia Católica, celebrada segundo as diretrizes da Igreja hierárquica, não às novidades dogmáticas, morais e litúrgicas do Caminho: o que é autenticamente bom, o bom que pode haver nele pertence, já que provêm da tradição Católica, não da “criatividade” de seus inspiradores e dirigentes. Suas “novidades”, aceitadas e vividas integralmente, só podem induzir à apostasia do Cristianismo, tal como é proposto pela Igreja Católica.
As publicações neocatecumenais se vangloriam da enorme expansão do Caminho, do notável número de “irmãos”, das dioceses e paróquias em que operam, assim como das vocações religiosas e sacerdotais, dos
seminários surgidos em todas as partes. Alguém de fora, não informado de outra coisa, só poderia alegrar-se disto. Porém é indispensável que se saiba de tudo.

quinta-feira, 7 de março de 2013

A Escatologia na doutrina neocatecumenal

Do livro: Catequese Neocatecumenal e Ortodoxia Papal - Pe. Enrico Zoffoli


Qual é o epílogo da história da humanidade? A resposta é intuitiva:
  • a- Se por causa de seu pecado o homem não responde como devia, vendo-se forçado a pecar, dominado pelo demônio, se justamente por tudo isto não é livre para atuar como seria desejável, injusto também seria castigá-lo. Na realidade, “o Cristianismo disse que todos estamos já julgados e que o juízo sobre todos os pecados foi feito na Cruz de Jesus Cristo, que nos perdoou os pecados a todos...”. Para todos nada mais que “o perdão e a misericórdia...”. “O veredito de Deus (também para os ladrões, assassinos, prostitutas...) não é outra que o Paraíso...”.
  • b- Por outro lado, cada um, sem liberdade nem responsabilidade – como despersonalizado -, fica absorvido e perdido em Cristo ressuscitado: “Eu não sou o próprio Cristo, e Cristo ressuscitou, eu ressuscitei...”. “N’Ele pode ser recriado verdadeiramente recuperando a imagem de Deus, tornando-te Deus mesmo, filho de Deus, ter a natureza de Deus...”.
  • c- Logo, nada de inferno e tampouco de purgatório. Porém a fé católica é muito diferente! Estes são pontos fundamentais da doutrina neocatecumenal, a qual, desgraçadamente – além de ser completamente  incompatível com a Revelação cristã -, não segue nenhuma ordem sistemática nos textos das catequeses de Kiko-Carmen, sendo seu conteúdo obscuro, ambíguo, fragmentado e contraditório. Só um paciente e analítico exame da mesma permite conceber uma idéia realmente objetiva dela. Convidados com freqüência a um encontro com o fim de esclarecer, precisar e justificar suas afirmações, os dirigentes do Caminho Neocatecumenal preferem o silêncio. E é claro exigem o segredo a todos os iniciados. Porém, até agora nada me pode acusar de deformar o pensamento de Kiko-Carmen. Minhas conclusões foram confirmadas por varias centenas de cartas de ex-neocatecumenais e por outras tantas conversas telefônicas e pessoais com todas as regiões da Itália e nações estrangeiras diversas.

Sacramentos e vida cristã para o Neocatecumenato

Do livro: Catequese Neocatecumenal e Ortodoxia Papal - Pe. Enrico Zoffoli

A catequese neocatecumenal, recusando o sacerdócio ministerial, exclui do conjunto dos sacramentos não somente a Ordem sagrada senão também a Eucaristia e a Penitência, identificada esta com o Batismo, indo contra o Magistério e o anátema do Concílio de Trento (DS. 1702). A propósito da Penitência é conveniente refletir sobre as seguintes posições teológicas de Kiko e Carmen:
  • a- “A Igreja primitiva não tinha a confissão [...] como nós a temos”. “A Igreja primitiva não tinha nenhuma manifestação explicita do sacramento da penitência que não seja o batismo...”.
  • b- “A conversão não é um arrepender-se do passado...”. De fato, se o pecado não é possível (como mostrei antes), tampouco o é o arrependimento. A conversão não seria um feito pessoal e voluntário de correspondência do individuo aos estímulos da graça, porque seu “valor essencial [...] é o comunitário e eclesial”, sendo “a Igreja quem comunica e conduz à conversão”. Em suma, o pecado teria “uma dimensão social, nunca individual”.
  • c- “O importante não é a absolvição”. Também esta lógica, se não há um padre validamente “ordenado”, como único ministro de penitência e do perdão de Deus. De fato, “o valor do rito não se encontra na absolvição, posto que estamos já perdoados em Jesus Cristo”. E mais expressivamente: “O perdão – na Igreja primitiva – não era uma absolvição senão uma reconciliação com toda a comunidade, mediante o sinal de readmissão na assembléia em um ato litúrgico eclesial”. Isto é compreensível se se pensa que o “ofendido” não é Deus, se não – como se supõe – a comunidade, a única portanto que pode perdoar e absolver.
  • d- A Kiko faz “quase rir pensar que é necessária somente a atrição, se te vai a confessar, e a contrição, se não te confessas...”. É evidente a perversão a respeito da doutrina de Trento (DS. 1677-1678; e cân. 5, IB 1705).
  • e- Indo contra a história das origens e da catequese dos Padres, se afirma que não é antes do século VI que se “começa a ser necessário dizer os pecados”. Isto é falso.
  • f- Se acusa ao Concílio de Trento de ensinar que igualmente os pecados veniais (definidos por Kiko como “besteiras”) são matéria suficiente de confissão; de haver generalizado “a forma de confissão privada, medicinal e de devoção”; de haver proposto “a confissão como meio de santificação pessoal...”.
  • g- Se atribui aos franciscanos e dominicanos a culpa de haver propagado “por todas as partes a confissão privada como uma devoção...”. Kiko, por conseguinte, não tolera a confissão feita “para a santificação pessoal...”. São Carlos Borromeu é condenado por haver posto “os confessionários por todas as partes [...] com detalhes, inclusive a grade”, pelo que “muitas coisas que Lutero diziam teriam seu fundamento...”.
  • h- Em suma, com o Concílio de Trento “tudo fica travado”; este representa um retrocesso na vida da Igreja, enquanto esta – segundo deseja Kiko – “caminha em direção a visões sociais e comunitárias do pecado”, inclusive sabendo que o Vaticano II e os Papas que se seguiram permanecem tenazmente fiéis à doutrina de sempre no que concerne ao sacramento da confissão (Cf Cód. De Direito Cânonico, 959-991).
  • a- A vida dos neocatecumenais não se pode chamar “cristã”, porque não está inspirada em Cristo, por eles ignorado como supremo modelo, que Seus verdadeiros fiéis sempre sentiram o dever de imitar.
  • b- O “caminho neocatecumenal” não é um verdadeiro Caminho pelo seguinte:
• Por estar desprovido de um ponto de partida, que não pode ser outro que a conversão, isto é, arrependimento das culpas cometidas, o propósito de emendar-se e fazer-se violência a si mesmo na luta contra todas as inclinações pecaminosas.
• Por estar desprovido de um ponto de chegada ou meta última que alcançar, que é a santidade do próprio estado. Segundo Kiko, “o homem não pode fazer o bem”, “está profundamente estragado. É carnal”, “é escravo do Maligno”. “Não pode senão roubar, brigar, ter ciúmes, richas, etc. Não pode fazer outra coisa. E não tem culpa disso...”. “Não se adianta nada com discursos nem com dizer: “Sacrifícios, queremos bem,
amarmo-nos!”. E se alguém o experimenta, se converte no maior fariseu...”. Precisamente como dizia Lutero: “Conformate com o que és, anjo caído, criatura estragada. Tua tarefa é fazer mal, pois teu ser é malvado”... Logo, “o caminho” parte de nada e tende ao nada.
  • c- Isto é de tal forma certa que todos os esforços são inúteis se o homem pretende evitar o pecado: “O homem peca porque não pode fazer outra coisa, porque é escravo do pecado”. Por outro lado: “Que nada se engane, quem peca é o demônio. Porque, se alguém peca, é porque o demônio está nele...”.
  • d- Pessimista é a concepção dos valores humanos, se a vida, o trabalho, a família são tidos como “ídolos”.
  • e- Jesus havia mandado odiar a pais e familiares, não se havia limitado a proibir que os preferíssemos a Ele. Uma exegese mais profunda – segundo Kiko – diz que a palavra é “odiar”, que as outras traduções não são exatas. Esta é a tradução da Bíblia de Jerusalém... A qual, sem dúvida, diz o contrário: “Hebraísmo. Jesus não exige ódio, mas desapego completo e imediato...” (Lc 14, 26).
  • f- A ética social dos neocatecumenais considera obrigatória para todos – segundo o evangelho interpretado por Kiko – a “comunhão dos bens”. “Nós não podemos nos enganar. Eu não inventei as catequeses sobre os bens. Li tudo o que o Evangelho disse sobre as riquezas: que não disse isso para as irmãs e religiosas...”.
  • g- Sobre a pobreza evangélica o problema se complica: tem de vender seus próprios bens somente o “catecúmeno”, que ainda não é cristão (ainda que o sabemos estar “batizado”!): “O Senhor te convida. Que tens de fazer neste tempo? Lhe está dizendo. Te dizemos: vender teus bens...”. Pois bem, a tal venda estão obrigados somente os catecúmenos, que no entanto não são cristãos, não havendo recebido o batismo... “Estas palavras não são para os cristãos, estão dirigidas aos catecúmenos, tudo isto está escrito para catecúmenos...”. Pelo contrário “...um cristão verdadeiro, uma pessoa transformada por Jesus Cristo pode ter dinheiro; não se trata, pois, de ser pobres, que tenhamos que ser espoliados: o cristianismo não é um estoicismo...” Kiko assegura: “Alguém pode pensar [...] que o que Jesus Cristo quer é que sejamos pobres, que nos atormentemos. Isto está em um contexto de religiosidade natural1. Em todas as religiões a pobreza é um sinal de pureza. E a riqueza é um sinal de impureza. Isto é um sentimento natural que todos nós temos...”. “Na Idade Média, quando o Cristianismo se encontra no ápice da religiosidade natural, se São Francisco de Assis não se apresenta com uma roupa rasgada, nem seu pai o escuta. Se Jesus houvesse vivido na época de São Francisco, atirariam nele tomates, porque era um comilão e um beberrão, sempre rodeado de libertinos, porque não jejuava, vivia esplendidamente, porque não se sacrificava...”.
“Dentro da religiosidade natural¹, neste mundo, é necessário atormentar-se para alcançar o outro mais além. Mas isto não é Cristianismo. Jesus não te disse vender teus bens para que, sacrificando-te nesta vida, alcances o Céu...”. “Não se trata de ser pobre... o Senhor quer que sejamos livres, que usufruamos o dinheiro, que sejamos reis do mundo...”. O léxico do Evangelho ignora e outra parte condena uma linguagem deste gênero. Kiko, que se confessa “cristão”, ou seja batizado, deveria ter também lido a São Paulo: “Pelo batismo somos, portanto, sepultados junto com Ele na morte...” (Rm. 6, 4); “Estais mortos, e vossa vida
está escondida com Cristo em Deus [...]. Mortificais vossos membros terrenos” (Col. 3, 3.5). De fato, “os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne com suas paixões e concupiscências” (Gal. 5, 24). Porém desgraçadamente Kiko insiste: o “A espiritualidade cristão não é do tipo estóico e andrajoso.” o “Jesus Cristo não quer que vivas abaixo de uma ponte na intempérie. Porque Deus é amor. E tem um amigo que se
chama Zaqueo, que tem uma casa extraordinária. E Jesus vai passar uma temporada em Betânia com seus discípulos...”, aos quais diz: “Comam, bebam, e aproveitem-se quanto podem...” o “O Cristianismo é uma cerimônia nupcial. Jesus Cristo não quer gente que se sacrifique, inclusive se houve uma época muito religiosa, na qual tivemos um cristianismo muito masoquista, de sacrifício...”.
  • h- À caricatura e paródia da pobreza evangélica Kiko acrescenta a condenação da ascética em geral, e conseqüentemente, de todos os santos que a praticaram: o “O sentido da Cruz” não é “o sentimento da religiosidade natural, como o crêem quase todos os cristãos. A vida não é uma prova com duras cruzes que devemos suportar para ver se depois ganhamos o Céu. “Tem de sofrer!” diz a pessoa religiosa, assim como Cristo subiu à Cruz, Deus me manda cruzes para que eu também sofra. Quem diz isto não entendeu nada do Cristianismo. Isto é masoquismo, estoicismo, não é cristianismo...”. o “O pobre Jesus pensará no Céu: com tudo o que eu sofri para que estes pobrezinhos não sofram e que estejam felizes! Veja: passam a vida sofrendo...”. o “Então eu já não sei que vantagens trouxe o Sangue de Cristo. Jesus Cristo deu seu Sangue, carregou com a Cruz para que tenhamos a vida eterna mas para ter esta vida eterna parece que seu Sangue não conseguiu muito, já que as pessoas continuam disciplinando-se, atormentando-se, conformando-se.

Mas se uma gota do Sangue de Cristo vale mais que todos os pecados da Humanidade...”. o “Se Ele precisamente [...] carregou sobre si nossas culpas, nossos pecados, para que pudéssemos viver uma vida
livre...”. “Jesus Cristo sofreu para sempre o que nós teríamos de sofrer”. Não podia ser mais irreverente e anti-evangélico esta desfiguração (corrupção) do dogma da Redenção!...
  • i- É lógica esta interpretação hedonista da vida cristã. Devemos ser agradecidos ao Crucificado porque, com Sua Morte, nos evitou os sofrimentos da vida. Na Igreja Ele fica somente como uma recordação que nos estimula a se alegrar não a sofrer. É por isto, pelo que o culto deve desenvolver-se em um clima de festa e de alegria, inspirado no acontecimento da Ressurreição, no definitivo triunfo da vida. “O sacerdote no Cristianismo não existe, os templos não existem, os altares não existem. Por isso o único altar do mundo, entre todas as religiões, que tem mantas sobre a mesa é o cristão, porque não é um altar senão uma mesa [...]. E um altar não pode ter toalhas, é para fazer sacrifícios de cabras e de vacas...”.
  • j- Desgraçadamente a teologia neocatecumenal deixa em segundo plano a finalidade da Paixão e Morte de Cristo. Se, como sustenta, Ele não Se ofereceu como Vítima pelos pecados do mundo, sacrificando-se na Cruz, porque morreu? Como poderemos explicar a Ressurreição se não se devesse ao mérito infinito de Sua obediência ao Pai que em Cristo quis, satisfeita sua justiça, redimir ao homem, revelando-lhe toda Sua misericórdia?...
Nota: 1- O pretendido contraste entre religião natural (ou religiosidade natural) e o Cristianismo constitui um dos pontos mais obscuros e insustentáveis da catequese de Kiko, que mostra ignorar até o sentido dos termos. A ele e a seus discípulos seria preciso recordar, entre outras coisas, que a natureza não se opõe à graça, nem a fé à ciência, nem a ciência à filosofia, nem a filosofia à teologia, nem a teologia à Revelação, nem a Antiga Aliança à Nova Aliança. Jesus não venho abolir, mas para aperfeiçoar, não para condenar senão para redimir. Como Verbo, no qual e para qual tudo foi feito, Ele é o Mediador universal que reconciliou tudo e a todos com o Pai, Suprema origem de todos os bens.