sábado, 9 de março de 2013

Afinal, o "caminho" é de descida ou subida?

Do livro: Catequese Neocatecumenal e Ortodoxia Papal - Pe. Enrico Zoffoli

Péssimo início no "caminho"

Em seu início há uma série de sacrilégios já que desde o primeiro dia todos devem escutar não somente a catequese senão também participar da “Eucarístia”, considerada pela Igreja no Concílio “como a fonte de todo o culto e da vida cristã”, pois nela “está todo o bem espiritual da Igreja”, “raiz e principio [...] da qual deve partir toda educação que tenha por fim formar o espírito da comunidade”, etc.
Kiko autoriza a todos receber a comunhão: “Aqui pode vir um ateu ou qualquer outra pessoa. Durante este tempo nunca falamos sobre o sexo, o trabalho..., nem se um tem uma amante ou se rouba, se mata ou deixa de matar... nada! Pedimos somente uma coisa: vir a escutar a palavra de Deus uma vez por semana e celebrar a eucaristia. Cada um continua atuando como queira...”.
Evidentemente ele não crê na “presença real”, resultado da transubstanciação, e considera que a Eucaristia pode ser recebida inclusive em pecado mortal, contra a doutrina e à proibição do Concílio de Trento, que Kiko detesta (cf. DS 1642 e Cân. 2, 1652, 1647).
Que êxito positivo pode ter um Caminho de conversão iniciado no pecado e ancorado durante anos na profanação da Eucarístia? Se nos primeiros anos Kiko omitiu a recitação do Creio, como pode atrever-se a que se receba um sacramento que é o Mistério de Fé por excelência e supõe, sobretudo nos adultos, não somente no estado de graça, senão também um certo grau de maturidade intelectual e espiritual...?

"Caminho" obscuro


Outro fruto da péssima árvore do Caminho neocatecumenal (ao menos seguindo a lógica mais elementar, e não as piruetas e vai-e-vens dos discursos de Kiko), é a velada recusa das fontes da revelação: Sagrada Escritura e Tradição, como o Magistério sempre o interpretou e propôs aos fiéis no transcurso dos séculos.

  • a- A demonstração a priori é sensível: negando o sacerdócio ministerial se nega a Ordem Sagrada que constitui a hierarquia, por sua vez adotada, entre outros poderes, de uma magistério infalível, o único que pode definitiva e indiscutivelmente interpretar o sentido da “Palavra de Deus transmitida e escrita”. Mas a teologia de Kiko nega a Ordem Sagrada, portanto nega também o sacerdócio ministerial, a hierarquia, os poderes da Igreja visível, entre os quais o Magistério, remitindo à inspiração pessoal a interpretação da Sagrada Escritura...
  • b- Enquanto à Sagrada Escritura muito habilmente fala Kiko – e somente uma vez – da interpretação que dela faz a Igreja (cf. Orientaciones... pgs 238 ss.). Mas não teme ao afirmar que “a Bíblia se interpreta por si mesma através de paralelismos...”, expressão muito ambígua..., e que “o importante é a experiência das pessoas...” (Orientaciones... do esquema pg. 45). Insustentável é o que afirma do Novo Testamento em sua relação com o Antigo. Depois de citar o elenco dos livros deste, diz: “finalmente temos o Novo Testamento, que inclui os Evangelho, os Atos dos Apóstolos e o Apocalipse. Este não é muito importante. De forma especial eu digo a vocês, se gostam dizeis, senão, não”. (Orient. Pg. 249). [...]
  • c- E sobre a Tradição apostólica, enriquecida pelas contribuições do Magistério eclesiástico, ordinário e solene, Kiko se atribui faculdade de interpretar a palavra de Deus de modo completamente autônomo. São muito numerosas suas exegeses que não concordam com o Magistério... (cf. G. Conti, Neocatecumenali al bivio, De Segno, 1994, pgs 28-55)... quase total é a ausência dos Padres da Igreja e de teólogos... não cita aos 20 concílios ecumênicos que antecederam o Vaticano II, nem as intervenções de índole dogmática e moral dos Papas. Recusa aberta, repetida e duramente as definições e as disposições do Concílio de Trento. Vejam bem, recusar a guia materna da Igreja significa recusar a Revelação, ou seja, caminhar no escuro.

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