sábado, 2 de fevereiro de 2013

Neocatecumenato: reforma da reforma da reforma...

O movimento Neocatecumenal, apesar da agressividade e do sectarismo dos seus adeptos, é considerado por numerosos homens da Igreja um instrumento para a “nova evangelização”, um verdadeiro recurso para a Igreja do futuro. Me permito duvidar em mérito, especialmente porque o Caminho tem uma estética pessoal – a nova estética (mesma coisa que no orwelliano 1984) em óbvio contraste com a estética católica, mas eu sei: o meu parecer não conta nada. Chegamos à questão da “liturgia” neocatecumenal aprovada. Alguns dizem: “não foi aprovada a liturgia neocatecumenal, mas só algumas cerimônias não estritamente litúrgicas”. É verdade, mas alguns pontos devem ser esclarecidos.
"Igreja" neocatecumenal

Antes de tudo, não existe uma liturgia neocatecumenal. Existe um aparato litúrgico neocatecumenal feito de particulares práticas litúrgicas e aparelhos cenográficos, mas este aparato — estes ornamentos, estes cantos e danças, que desmoronam em verdadeiros e próprios abusos litúrgicos — persiste em livros litúrgicos da Igreja Católica. Repito: não existe uma liturgia própria, mas uma maneira singular de viver a liturgia.

Está “maneira singular” se insere no interior do assim dito “caminho de iniciação cristã” e se explica – no estatuto – através três celebrações essenciais: a celebração penitencial, a da palavra e a eucarística. A tais “celebrações” se acrescentam outras que seguem o percurso iniciatico do neocatecumeno. Ora, são estas “celebrações” que teriam obtido a aprovação da Congregação para o Culto Divino. A responsabilidade é, portanto, toda do Cardeal Cañizares que alterna periodicamente ataques franceses a retirada espanhola, tímida abertura à reforma da reforma que constantemente abortam ou permanecem nos jornais ou na ilusão de algum fiel.

Acrescento que está escrito nos Estatutos (art. 14, 3) “Na celebração da Eucaristia nas pequenas comunidades seguem-se os livros litúrgicos aprovados do Rito Romano, com exceção das concessões explícitas da Santa Sé. No que concerne à distribuição da Santa Comunhão sob as duas espécies, os neocatecúmenos a recebem em pé, permanecendo em seu lugar”.

A questão é que, apesar das boas intenções, o rito não se realiza nestes termos. Mesmo depois da aprovação do Estatuto, os Neocatecumenais fazem o que lhes dá na cabeça. Na verdade, as prescrições do Estatuto são constantemente violadas e posso confirmá-lo por experiência própria. Portanto – o Papa que, apesar do controle de sua Cúria intrometida e anárquica, tem ainda idéias claras – considerou oportuno acrescentar algumas notas de roda-pé sobre o sentido da liturgia como momento de comunhão não sectária, mas universal, da Igreja entendida como Corpo Místico. Palavras que entram no ouvido de Kiko e saem pelo de Carmen…

Duas observações pessoais:

Primeiro: como pode o Cardeal Canizares consentir ainda hoje que se destruam os altares antigos, que se disserte sobre onde colocar um ambão ou como eliminar balaustres, e depois deixar a possibilidade a um grupo carismático de celebrar a Missa a seu gosto? Como se pode, não digo ignorar, o exemplo do Santo Padre que colocou no centro do altar o Crucifixo, mas chegar a aprovar as “celebrações” de quem no lugar do Crucifixo no centro do altar põe a sagrada Menorah? Cañizares outrora era chamado de “o pequeno Ratzinger”. Acredito que hoje se possa continuar a chamá-lo somente de “o pequeno”…
"Altar" neocatecumenal

Altar Católico

Segundo: como simples católico, me indigna saber que o rito milenar da Igreja, aquela que simplesmente é definida como Missa em latim, seja ainda um tabu para muitos Bispos, enquanto hoje se autorizam pseudo-celebrações fundadas sobre um diretório catequético aprovado faz um ano e composto de 12 Volumes, mas secretos! Como é possível que a Igreja mantenha ainda em segredo catequeses de um movimento carismático que se diz “católico”, ou seja, universal? Me preocupa, portanto, uma Igreja que aprova movimentos esotéricos. Pessoalmente prefiro uma Igreja exotérica, aberta a todos mas igual para todos.

Por Francesco Colafemmina - Tradução: Gederson Falcometa

Nenhum comentário:

Postar um comentário