domingo, 14 de abril de 2013

A "Ave-Maria" de Kiko


A estranha caligraria de Kiko diz ser cópia de elementos primitivos, mas analisada de perto resulta em esconder algumas surpresas inquietantes.

Vou a centrar-me no famoso cristograma com a “Ave-Maria”



Como podem ver, em principio não parece ser nada mais que a estranha caligrafia de Kiko. O estilo disforme que atraí a tantas mentes e que todavia não conseguimos entender o porquê.

Mas, se viramos o desenho tal como com o da Domus, encontramos que toda essa caligrafia estranha tem um sentido. Aparece uma mensagem em letras hebraicas, escritas entre os distintos quartos do cristograma. Umas em paleo hebraico de um lado, e outras em hebraico cursivo no outro. Procedemos.

Invertamos a imagem e remarcamos com cores cada letra:



No total há 7 letras. As que estão à direita do cristograma, onde está o que parece um W, estão em caracteres arcaicos ou do paleo hebraico. As que estão à direita e que são o “aria” de Maria estão em hebraico cursivo.

Esta imagem da o significado de cada uma das letras observadas com o alfabeto hebraico em modo arcaico e cursivo.



O que é que dizem as letras?

Como sabem, o hebraico se lê da direita para a esquerda, ao contrário de nossa escrita. Portanto na imagem invertida devemos começar desde o W e ir até o outro lado.

A Shin (W ou o “m” de Maria) é um prefixo que indica o relativo: que ou quem.

A parte do “aria” (Shin-gimel-yod-mem) foram uma só palavra, a qual vem indicada pela forma que adota a letra Mem, que é de final de palavra em cursivo. Nesta palavra a yod poderia ser também uma vau, mas creio que é mais coerente com o particípio do verbo usado no que seja uma yod. O feito de colocar a última letra um pouco descolada nos pode indicar que isto não é uma vau, e sim uma yod.

Em qualquer caso não se altera a raiz que é a do verbo que significa extraviado ou perder-se moralmente e também relaxar-se ou desviar-se de algo. Neste caso a forma verbal usada é o particípio deste verbo no modo plural masculino, pelo que podemos traduzir por extraviados.

A parte do “ave” (alef-kaf) é uma partícula enfática que poderíamos traduzir junto com o relativo como “quem verdadeiramente”.
Portanto, supondo que o relativo faz referencia à Maria, que o nome que se escreve olhando-se direito, o texto hebraico do inverso nos daria: A que verdadeiramente (“é dos” ou “está entre”) os extraviados.
Isto é mera casualidade fruto da mente que vê mais do que realmente está no desenho? Esta é a pergunta que alguém pode fazer-se legitimamente, mas neste caso deve-se dizer que não é só isto, se não que Kiko variou o anagrama em outros desenhos da mesma Ave Maria, para formar a letra shin em caracteres quadrados, como observados nos seguintes:



Neste último caso, que é o famoso anagrama que encabeça o famoso santinho de Kikoobservamos outra peculiaridade que unido à anterior nos faz desprezar a casualidade. Neste caso observamos no mesmo anagrama e na “Ave” uma anomalia ao esticar o traço do “V” por debaixo do “A”. Isso nos leva a contemplar uma espécie de exclusão que se supõe à Ave, como se o mesmo houvera sido excluído depois de escrito, o que confirma o traço duplo do “E”.


À direita se exclui o “Ave” que se dedica à Maria como saudação e ao contrário, com o cristograma invertido, se lê em hebraico “quem verdadeiramente é dos extraviados”. Obviamente referindo-se à Maria. Estamos pois ante uma negação simbólica de tudo o que é o “Ave Maria” vestido de luz e de devoção mariana.

À pergunta de que se isto está realmente no texto suscita a pergunta de se o desenhista é realmente consciente destas coisas que faz. Minha resposta é que se assim for, teríamos de supor nele uma influencia obscura, aparte de uma consumada inteligência? Mas, creio que é melhor supor que estamos ante algo que demo não consciente aflora na psicologia de quem desenhou o cristograma e se plasma na forma de suas obras de arte. O que em teologia espiritual se chama “obsessão” responderia a isto. A obsessão diabólica é a ação do demônio sobre uma psique e no corpo de alguém, muito mais direta que uma simples tentação, mas sem chegar à possessão. A obsessão não faz mal ao que o recebe, ao contrário pode ser fonte de mérito se se resiste. Mas outras vezes é algo que o interessado não nota e acaba na queda fruto de uma tentação. A finalidade da obsessão é a própria do demônio: perder as almas. No caso de Kiko, pode estar dirigido a algo muito maior, visto a inclinação sectária que toma o Caminho. Inclusive no meio de uma carisma autenticamente inspirado pode haver uma mescla de coisas falsas em ordem à estragar tudo. Em qualquer caso não nos corresponde a nós julgar sobre o preternatural do assunto, ainda que advertir de que vejam estas coisas e de que sejam precavidos.

M. D.

Nenhum comentário:

Postar um comentário