sábado, 9 de março de 2013

A vida cristã, seminários e consagração religiosa no Neocatecumenato

Do livro: Catequese Neocatecumenal e Ortodoxia Papal - Pe. Enrico Zoffoli

Seminários

Este tema é muito mais sério. Se os jovens são educados seguindo a teologia de Kiko, temos graves motivos para nos preocuparmos. Pergunto: se preparam para a ordenação como rito que nos eleva à dignidade do sacerdócio ministerial, essencialmente distinto do comum a todos os batizados, inseridos na hierarquia católica... ou os qualifica somente como presbíteros, ou seja, anciãos, sem poderes que os autorizem a “consagrar”, “absolver”, “batizar”, “ungir aos enfermos”, “benzer”, etc... em Nome da Pessoa de Cristo?
Os seminaristas, estão dispostos a submeter-se às autoridades da diocese, a inserir-se em suas estruturas, a favorecer e participar ativamente em suas iniciativas e a obedecer as normas do Direito Canônico? Estão dispostos a consagrar-se a Deus, fazendo voto de castidade íntegra e perpétua, segundo as intenções de Cristo quem pelo contrário e segundo Kiko, não queria que nós sofrêssemos, havendo sofrido já Ele e nos desabilitando de todo e qualquer sacrifício? Por desgraça crêem plenamente que sua missão é reformar a Igreja, fundando outra Igreja paralela à Católica.

Vida cristã e consagração religiosa


Kiko da provas de não ter idéias claras sobre a distinção entre vida comum de graça possível e necessária para todo fiel e vida de consagração, reservada às almas que aspiram a um grau superior de perfeição espiritual, condicionada à pratica efetiva e perpétua dos conselhos evangélicos, consagrada mediante votos.
Pois bem, a confusão dos estados explica a severidade intransigente e às vezes impiedosa com a qual os “catequistas” pretendem dirigir aos neocatecumenais, caindo em grandes contradições que dão lugar a lamentos, enfrentamentos e deserções mais que justificadas. Assim por exemplo:
  • a- Se insiste sobre a venda de todos os bens, como se fosse uma condição necessária para ser autênticos cristãos. Mas sabemos que também na Igreja primitiva de Jerusalém aquela venda era muito livre... se o conselho de Jesus foi depois seguido pelos eremitas, monges, religiosos, não deve traduzir-se em um dever para todos os fiéis, que podem chegar igualmente à santidade sendo proprietários de grandes riquezas...
  • b- Segundo Kiko, a venda dos bens é obrigatória somente para os neocatecumenais, não assim para os batizados, porque são “cristãos”, e podem possuir tudo, gozar, “viver uma vida livre”. Em realidade o teor de vida dos “catequistas” e certos discípulos é magnífico. A Kiko, que parece que está gracejando, poderíamos perguntar qual é na realidade – segundo ele – o pensamento de Jesus, ou o espírito dos Santos... se a pobreza, (com toda sua carga de renuncia) é ainda ou não um valor, e nesse caso se se pode impor aos religiosos... se os frutos do Caminho, gloria de da que tanto se ufana, são por casualidade vocações à vida contemplativa...
  • c- Outra incoerência a respeito da castidade conjugal é que o Caminho Neocatecumenal exalta a paternidade exultante de uma prole numerosa, mas não aceita, e inclusive se opõe com força, à doutrina da Igreja segundo a qual a paternidade deve ser responsável, pelo que declara licito, quando há graves razões, o controle natural de natalidade, recorrendo aos dias infecundos da mulher, que impõe a continência periódica (cf. Encíclica Humanae Vitae, 16. Papa Paulo VI). Mas tal norma não seria digna dos neocatecumenais, que se consideram fiéis de primeira categoria.
  • d- Enquanto a obediência, a moral dos neocatecumenais é ainda mais incoerente, provocando desequilíbrios tremendos e desfazendo às famílias. De fato, a esposa deve seguir mais as diretrizes do “catequista” que as do esposo e vice-versa. Digo do “catequista”, não do “confessor”, que não pode exercer nenhuma direção espiritual... O neocatecumenato parece sujeito a seu “catequista” como um religioso o está a seu superior respectivo.
  • e- A propósito da santidade, a doutrina de Kiko se presta a um juízo critico mais severo. Sabemos que ela consiste na perfeição do amor a Deus e ao próximo. Logo, amor universal, compreendendo também aos que estão distantes, aos estranhos, aos inimigos... Sem embargo os neocatecumenais se comportam de outro modo já que são generosos com aquele que compartilham suas idéias ou esperam que as aceitem ou formem parte de sua comunidade... logo excluem aos outros, especialmente os que lhes são contrários.
Estamos em um quadro de mal-entendidos, estranhezas, contradições. Quê “fruto” é possível recolher de uma árvore tão enferma?

Um comentário:

  1. Achei o texto bem interessante. Tenho uma dúvida: onde posso encontrar um documento que mostre essa incoerência sobre a castidade conjugal que você citou no item C?

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